sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Que presente eles querem?

Como estamos comemorando o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, pensei em contar uma história de superação ou trazer alguma informação dos eventos que estão acontecendo no dia de hoje, mas resolvi fazer algo diferente e mostrar o outro lado da história. Convidei um amigo que não tem deficiência, mas que conhece bem sobre o assunto. O jornalista, cartunista e roteirista Victor Klier, autor do projeto de HQ Turma da Febeca, do qual já comentei aqui.
Como nos quadrinhos, Victor trata do assunto de maneira natural e bem humorada, fazendo com que o tema saia da visão comum.
Agradeço, Victor ,ter me presenteado com esse texto, já que é meu dia também, não é mesmo? (hehe)

Que presente eles querem?

Hoje é dia dos deficientes, segundo o calendário dos novos tempos ditado pelo politicamente correto. Agora temos o dia da consciência negra, o dia do orgulho gay e uma infinidade de dias homenageando pessoas por sua importância histórica, (esta mais tradicional), por sua condição familiar, como pais e mães (esta mais por interesses comerciais) e por fim os dias do “politicamente correto”.
Antes que pensem que sou contra esses “dias”, saibam que não sou! Ao contrário até... Pois acredito que dias como os das mães ou dos pais, pessoas tão importantes e representativas em nossas vidas, todos os dias são dias deles. Concordam? Isso que digo nem é uma novidade e já é até meio clichê, mas é sempre bom lembrar que a maioria das pessoas com deficiência permanece com sua deficiência antes, durante e depois do dia em sua homenagem, e a maioria será até o fim da vida. O que quero dizer é que devemos lembrar todos os dias da importância de termos uma sociedade mais consciente. Acessibilidade e inclusão social não é favor, é direito adquirido e não é para funcionar só no dia dos deficientes, assim como criança não deve ter carinho e atenção somente no dia das crianças, certo?
No dia do trabalho, ninguém trabalha, estranho, né? Seria interessante se no dia dos deficientes, por exemplo, cadeirantes levantassem de suas cadeiras e saíssem andando e assim ficassem. Como não é o caso, cabe a todos a responsabilidade de lembrar de que o mundo precisa respeitar a TODAS as diferenças e as limitações de cada um, pois no fundo somos todos deficientes... Ou acha que não?
Uma pergunta que não quer calar... Devemos presentear os deficientes no dia dos deficientes, como fazemos com mães, pais, crianças etc? Certamente se o comércio for esperto, descobrirá uma nova forma de lucro... Mas acho que o presente que todos os deficientes gostariam de ganhar, mais do que qualquer objeto de loja, seria o de ser lembrado que é um ser humano como qualquer um de nós, com sentimentos, com os mesmo direitos de ir e vir, de estudar e trabalhar, de namorar, de fazer sexo (oba!), de ser feliz... Feliz dias dos deficientes! Feliz dia para todos nós!
Victor Klier

3 comentários:

  1. Muito tocante esse texto, parabéns ao Victor! :D

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  2. Camilinhaaa sempre inovando!
    Amei a idéia

    Ei Victor, acho que uma cadeira de rodas, toda rosa, seria um presentão para meninas como a Camilinha! huhuhuhu

    Beijo para os dois escritores :)

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  3. O maior presente é o respeito.
    Muito bom, Camila.

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