sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nossa! Quanta caminhada, para chegar até aqui...!


Uma caminhada que começa nas raízes da infância, onde a persistência, a coragem, a sabedoria e principalmente o amor me fizeram viver este momento, apesar de todos os preconceitos, de todos os "nãos". Enfim, de tudo que poderia atrapalhar e, até mesmo, impedir que esse caminho fosse traçado, e não aconteceu. Tive amparo, tive amor e tive compreensão. 


Se, na escola, não sabiam como “lidar” com a tal deficiência e se as pessoas diziam que seria impossível trilhar um caminho diferente do ostracismo, da piedade, da caridade, em casa eu recebia outros valores e outros tipos de estímulos. O estímulo da perseverança, da fé, da luta e principalmente a capacidade de driblar os “nãos” que me eram impostos, cada não, na rua, dentro do meu quarto e da minha casa em geral, significava um sim, e não era um sim de uma única pessoa, era o sim de pai, de mãe, que se mantiveram firmes no propósito de me fazer ser alguém e quebrar o processo histórico de exclusão e do ostracismo de as pessoas com deficiência me mostraram que eu poderia seguir o caminho que eu quisesse, porque, se eu tinha um corpo que não me ajudava e que não era aprovado socialmente, eu tinha, também uma mente e sentimentos que me levariam longe. Tive minha tia Eliana, que substituiu a função de professoras preconceituosas, que estavam entranhadas em preconceitos e em estereótipos físicos. Essa tia me ensinou a ler cada palavra, a escrever cada letra, mesmo com as minhas limitações, com a minha lentidão motora e com tudo o que parecia dar errado, foram dias e dias, horas e horas, anos e anos, tempo em que sair com as amigas pré-adolescentes da escola ficou de lado, tudo em nome de um futuro que não era para acontecer. Pois é... mas aconteceu!

Eu aprendi a ler, aprendi a escrever, mais do que isso, aprendi a conviver, a desenvolver a minha inteligência por meio da minha sensibilidade, da amizade e do empenho de cada um que passou pela minha vida. 

E hoje, 24 anos depois, eu vejo o tal futuro improvável sendo perfeitamente provável. E, mais do que isso, eu vejo esse futuro sendo aplaudido. E digo isso com orgulho, sim. E com muita satisfação, porque esses aplausos são para cada uma das pessoas que passaram e ainda passam pela minha vida e vai além. É um aplauso muito educado na cara do preconceito, na cara do que é bem visto, porém que nem sempre deve ser encarado como correto. 

A minha formatura em jornalismo, que se concretizou com a minha aprovação na defesa do TCC, foi a coroação dessa quebra de barreiras constantes. Eu sei que não é o fim delas, muito ao contrário, virão outras, inúmeras e infinitas, mas eu sei, também, que ainda encontrarei o sim dentro da minha casa, com meus pais e com aquelas pessoas que verdadeiramente me amam.

Essa apresentação arrancou aplausos dos meus professores. Esses, sim(em sua maioria), em nenhum momento demonstraram preconceito. Pena que isso só apareceu no período da faculdade, e não no do “ensino de raiz”, que é onde se forma um pouco da cidadania, da tolerância e do conviver com a diferença. 
Mas tudo bem, estou fazendo a minha parte, para que seja diferente para os virão depois de mim, para que tenham experiências melhores que as minhas, porque agora eu sou jornalista. 

Aprendi os instrumentos da comunicação, para usá-la em favor da sociedade e é isso que pretendo fazer durante toda a minha vida.


Meu agradecimento  a Deus pela proteção, a todos  os que me apoiaram, a minha mãe, que mais parece uma leoa e que chega até a se tornar superprotetora  na visão de algumas pessoas. Mas, se a superproteção dela me fez chegar até aqui, quero continuar sendo superprotegida. Obrigada ao meu pai, que sempre tem ficado na retaguarda, segurando as pontas e mostrando que é homem de verdade, que sabe compreender as dificuldades, a ausência da companhia de minha mãe, quando tem que me acompanhar, sem se voltar a pensamentos machistas, que tantos outros teriam em seu lugar... Obrigada, por ser nosso (meu e de meus amigos) motorista.

Às minhas avós, que me acompanharam em cada etapa da minha faculdade, torceram por mim incondicionalmente e foram de fundamental importância em minha criação.

Aos meus familiares, que contribuíram de modos diferentes para o que, unidos, resultou em  minha formação.

Aos meus professores, que, além de me ensinar os instrumentos da comunicação, também me mostraram que ela sempre exige um pouco de bom humor, tornando, com isso, os momentos em sala de aula agradáveis e criativos, bordões e lições que ficaram tatuados em minha memória.

À queridona Lêda Márcia Litholdo, que nos orientou no trabalho de Conclusão de Curso e que, com seu jeito peculiar de ser, nos impÃ?s toda a disciplina, sem perder a ternura, o bom humor, e conseguiu, também, manter a sintonia no grupo. Sou sua fã e é uma das referências de profissional que pretendo ser.

Meu agradecimento, pela receptividade, a todos os funcionários, em especial à amada Rosangela Franklin; ao querido editor Edvaldo Silva, que foi tão paciente comigo, na ilha de edição; ao queridão Jorge, que, além de me ajudar a manusear as câmeras fotográficas da Facopp, estava sempre distribuindo sorrisos; e ao grande gentleman Gercimar Gomes, que, se não bastasse a função técnica na rádio Facopp, me ajudou na transcrição das minhas provas de radiojornalismo.

Aos meus amigos do grupo de TCC, Danilo Magalhães e Maísa Gomes, que foram os dois primeiros amigos que encontrei no ambiente acadêmico, que se uniram a mim desde os quiosques do lado de fora da faculdade, ajudando-me a descer as tantas rampas da Unoeste, até este trabalho final. Brigamos, mas nunca deixamos de estar juntos, houvesse o problema que fosse, e que se tornaram membros da minha família.

Ao casal Isaura e prof. Zilvan Vidal por tudo que são e representam em minha vida e na de minha família.

Agradeço a colaboração dos dirigentes do Rotary Club de Presidente Prudente- Nascente, em especial à presidente Nilka Costa, à secretária Ianara Costa, ao Juliano Borges e ao presidente eleito, gestão 2013/2014, por nos darem a oportunidade de divulgar seus projetos e pela disponibilidade para encarar esse desafio conosco.

Aos profissionais da imprensa, que contribuíram para o resultado do nosso trabalho, o nosso muito obrigado.

Por último, mas nada menos importante, aos meus amigos da cultura que encontrei recentemente, em meio a essa jornada, e que me proporcionaram o que achei que ficaria perdido no tempo dos sonhos, me aproximaram do universo cultural, que tanto me fascina e me enriquece, mas que, pelos preconceitos já citados, me impediam de viver isso de forma visceral, do jeito que eu sempre quis, desde o início da minha vida.
Sei que ficou grande o agradecimento, mas a minha alma pediu, em nome da emoção do momento e do grande valor que cada citado tem em minha vida.

Um beijo com afeto no coração de todos!

Jornalista Camila Mancini.